Para a família Peres, o Dia dos Pais deste ano tem um gostinho diferente. O pai, Wagmar Peres Borges, de 52 anos, foi quem presenteou a filha, Maylla Peres, de 25 anos, que após quatro anos de espera finalmente recebeu um transplante de rim.
Para ver a filha feliz e com mais perspectiva de vida, Wagmar ainda viajou 430 quilômetros entre Presidente Olegário, na Região Noroeste de Minas, até Belo Horizonte.
A cirurgia ocorreu no Hospital Evangélico, na capital. “Estou muito feliz, meu pai me deu a vida duas vezes”, disse Maylla.
Problemas renais
Ela soube que tinha problemas renais quando caiu de bicicleta e fraturou a mandíbula, há quatro anos.
Durante os exames pré-operatórios, a família descobriu que ela tinha glomerulopatia crônica, uma doença que debilita pequenos vasos sanguíneos nos rins, os glomérulos.
O tratamento com hemodiálise começou seis meses após o acidente. Maylla precisava passar pelo procedimento três vezes por semana durante quatro horas.
“O tratamento não é fácil, deixa a gente fraca. Não podemos comer todas as verduras, nem todas as frutas. Então a gente fica desidratada, anêmica. Trabalhar é muito difícil, porque você tem que sair três vezes por semana e não vai ter aquela mesma força para conseguir fazer o serviço igual as outras pessoas”, disse ela.
Transplante cheio de obstáculos
O transplante de rim apareceu na vida de Maylla como uma esperança para que a rotina voltasse a ser como era antes.
A jovem estava na fila de espera, mas aí surgiu um déficit de cálcio nos ossos, causado pela própria insuficiência renal. Devido ao problema, Maylla teve que sair da fila, o que para ela foi um balde de água fria.
“A gente ficou bem frustrado, dá trabalho voltar para a fila de novo”, comenta.
Em 2020, já com as taxas mais normalizadas, Maylla iria retornar para a fila de transplante, mas então veio outro obstáculo: a pandemia!
Durante o período de isolamento, as cirurgias que não tinham caráter emergencial foram suspensas e a jovem precisou, mais uma vez, aguardar.
Pai foi o doador
Quando as cirurgias retomaram, o pai prontamente se disponibilizou para ser um doador. À primeira vista, o médico alertou que a cirurgia poderia ser um risco para ele, devido à idade.
“Eu falei: ‘Não, doutor, risco a gente corre só de atravessar a rua'”, contou o marceneiro.
A cirurgia de Maylla e Wagmar aconteceu no último dia 05 de agosto e, segundo a família, tudo transcorreu bem.